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Foto do escritorAna Carol Carvalho

Você descarta roupas no lixo comum?


Você já separa o seu lixo corretamente: plástico, papel, vidro, metal e orgânicos? E roupas, você joga no lixo comum? Então você precisa saber que, quando descartamos tecidos no lixo comum, não estamos contribuindo para a sustentabilidade do planeta.



Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Têxteis (ABIT), quando os têxteis se decompõem nos famosos lixões — destino de tudo o que é descartado no lixo comum — , eles liberam gás de aterro, uma mistura tóxica de poluentes que inclui gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). Em outras palavras: tecido no lixão gera gás que superaquece o planeta.


Se isso acontece, por que os resíduos têxteis são raramente mencionados em sistemas de coleta? 

Como designer e pesquisadora, penso que existe uma premissa básica: nós costumamos doar as peças de roupas que não queremos mais. Mesmo assim, é comum vermos resíduos têxteis nas lixeiras de condomínios e em imagens de lixões por aí. Nos últimos tempos, as discussões sobre o impacto que o lixo gera no meio ambiente cresceram. Já vimos dezenas de vídeos e imagens dos oceanos e de animais que sofrem os efeitos do consumo excessivo. Mas o que temos feito para mudar esse cenário?



Estudos em desenvolvimento de alternativas biodegradáveis ainda parecem distantes da nossa realidade. O mesmo vale para a tecnologia têxtil, que também procura por alternativas que tragam menos vestígios para o meio ambiente. Enquanto não temos acesso a este futuro, devemos consumir e não fazer nada a respeito? 



Faço essas perguntas para provocar uma mudança de comportamento.



A solução que está batendo na porta das empresas é uma proposta ambiental para que toda empresa se responsabilize pelo descarte e coleta dos resíduos gerados pelos seus produtos após o uso. Hoje, o Ministério do Meio Ambiente do Brasil orienta as indústrias em cinco cadeias identificadas, inicialmente como prioritárias. Elas são:


1. descarte de medicamentos;

2. embalagens em geral;

3. embalagens de óleos lubrificantes e seus resíduos;

4. lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

5. eletroeletrônicos.



Mas a tendência é que esse assunto ganhe repercussão e atinja mais segmentos de negócios. Portanto, a logística reversa não é mais um assunto distante e deve ser tratada como prioridade na pauta das indústrias. O consumo está sendo incentivado e todos querem ampliar suas fatias de mercado, mas ninguém quer se responsabilizar pelas consequências.



Enquanto isso, há as alternativas que nós, como consumidores, temos para prolongar o uso do que compramos, mas também há opções para as indústrias. Veja o exemplo do infográfico abaixo!


A Mud Jeans é um exemplo de marca que, como matéria-prima, utiliza algodão orgânico e fibra reciclada. Na reportagem publicada pela CNBC, a empresa explica que prioriza a cadeia de fornecedores e a energia gasta na produção. Seus produtos são desenhados para durar e, depois, serem reciclados. Enquanto uma produção normal de jeans utiliza 7 mil litros de água por peça, a MUD utiliza 78% a menos deste recurso. O que a torna uma referência mundial é que ela é a única marca de jeans que opera dentro dos princípios da economia circular. Assista ao vídeo completo no link abaixo!




A indústria têxtil é uma das mais poluidoras do mundo. Possivelmente, devem existir mais roupas do que pessoas no planeta para vestí-las. Enquanto isso, coleções inteiras são substituídas a cada temporada. Como resultado, a África e a Índia estão lotadas de roupas de segunda mão. Toda essa carga de informação cultural junto às peças de roupas gera impacto na economia desses países. Uma vez que as indústrias têxteis e de confecção não conseguem competir com a quantidade de peças prontas que chegam em lotes e a preços desleais.



Logo, toda a cultura de um país é substituída pela cultura de outros, o que faz com que os processos culturais se percam e o vestuário seja cada vez mais padronizado. Em curto prazo, o impacto dessa substituição de valores nas culturas pode parecer velado. Mas em longo prazo, será que perderemos os traços de uma nação e a essência cultural que nos fazem únicos?



O documentário abaixo, por exemplo, trata da indústria de reciclagem de roupas de segunda mão na Índia.




Fletcher e Grose levantam uma questão importante quanto à reciclagem. É necessário que um novo canal de comunicação seja implementado na cadeia de moda: do designer aos produtores e às usinas de reciclagem. Todas as criações poderiam ser pensadas para que haja conexão entre esses setores e, assim, tornar a reciclagem de fibras mais acessível e rentável. A exemplo da MUD Jeans, podemos criar produtos que sejam duráveis e facilitem a reciclagem, pois só através do pensamento holístico há oportunidade de transformação de toda cadeia.



Como consumidora, também faço parte desse ecossistema. Então, como podemos colaborar uns com os outros e, assim, com o meio ambiente? Principalmente na questão de resíduos têxteis, sobre os quais existem tão poucos esclarecimentos, como podemos pensar em novos destinos para o que não usamos mais?


Para levantar essa discussão, convido você a contribuir para a minha pesquisa e também com uma possível proposta de projeto que será gerado a partir dela. Basta responder ao formulário abaixo!




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